A aula pública “Nenhuma a Menos” encerrou na última sexta-feira (2) as atividades de 2016 do projeto “Mulheres pelas Mulheres”. O evento foi realizado nas escadarias do Prédio Histórico da Universidade Federal do Paraná (UFPR), na Praça Santos Andrade, com uma exposição da advogada Priscilla Placha Sá sobre feminicídio.
A iniciativa foi inspirada na luta das mulheres a partir da do lema “Ni Una a Menos”, fomentada pela morte precoce da jovem Julia Perez, de 16 anos, na Argentina. Milhares de mulheres tomaram as ruas, em diversos países latino-americanos, para reafirmar o valor de seus corpos, de sua liberdade e de suas vidas. Ao longo do ano foram realizadas aulas públicas no mesmo formato sobre a participação da mulher na política, aborto, a primavera feminista, entre outros temas.
O evento de sexta-feira também contou com a exibição de um trecho da Valsa n. 6, de Nelson Rodrigues. A peça foi dirigida por Melissa Barbosa e encenada pela atriz Amanda Norbiato. A ação também contou com a colaboração da fotógrafa Michele Bravos.
“O foco das ações deste ano foram a judicialização e o monitoramento dos pedidos de prisão domiciliar em relação a mulheres grávidas e com bebês. Como atividade de formação, criamos o grupo de estudos “Antígona”, com uma ideia de discutir um feminismo interseccional, plural, aberto a qualquer pessoa interessada em participar. Também debatemos temas como transexualidade, feminismo e negritude, uma pauta bem ampla”, explica Priscilla Placha.
As acadêmicas e advogadas que integram o projeto “Mulheres pelas Mulheres” estão produzindo um livro para 2017, sistematizando os três anos de atividades no sistema carcerário. “A ideia é que a publicação tenha este aporte jurídico da intervenção, dos dados coletados, mas que seja um relato a partir do nosso olhar sobre esta intervenção”, adianta Priscilla.
Iniciativa conjunta das Comissões de Defesa das Prerrogativas Profissionais, da Advocacia Criminal e de Direitos Humanos da OAB Paraná, Faculdades de Direito da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e Pontifícia Universidade Católica (PUC-PR), o “Mulheres pelas Mulheres” propõe uma reflexão crítica e atuação política para o enfrentamento do preconceito, da violência e da discriminação de gênero. O grupo trabalha com duas questões fundamentais: a divisão sexual do trabalho e a ideia de controle sobre os corpos femininos.